e depois tens aquelas noites agitadas, cheias de pesadelos (ou sonhos que há muito deixaram de se chamar sonhos), pedaços desgarrados de memória e projecções, um mix fantasmagórico e demolidor.
sonhas que, por descuido e negligência pura, mataste um homem. com rosto e nome, com uma história interrompida, em função dos teus actos - sem dolo, mas como não reconhecer a tua responsabilidade?
tens pouco tempo. os pilares do teu edifício - por muito mal que os trates, por vezes -, os teus pais gizam um plano de fuga, num exercício supersónico de medo e amor. uma coisa complexa, de resultado improvável, susceptível de os prejudicar grandemente. mas eles, sabes tu e eles fazem questão de to dizer, estarão lá, a teu lado, sofrendo o repúdio e o opróbio adivinhados.
tens uns quantos minutos para decidir o teu futuro - e o futuro deles, em certa medida.
agradeces a teus pais. mas decides assumir a tua culpa - assumires-te.
- meu pai, minha mãe: matei.escolho ficar. a única hipótese de sobreviver é correr o risco de perecer, perante um juíz mais implacável ou um qualquer carrasco de telejornal.
acordas sobressaltado, mal-disposto.
afinal, lembras-te perfeitamente de tudo. e nunca saberás se foi um sonho. ou se isto, pelo contrário, é que é o sonho daquele outro eu que, aflito perante a enormidade do que aconteceu, se refugia num universo paralelo, sonhando-se out of that place.
sonhando-te into this place..
- shall we never sink alone -
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