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carl theodor dreyer realizou um dos filmes mais místicos da história do cinema. 'ordet' / 'a palavra' é um daqueles filmes que entram quase sempre nos tops dos melhores filmes de todos os tempos. é também, não raro, um filme particularmente marcante para quem não tem fé - o que não deixa de ser o maior elogio sobre a intensidade particular da obra e sobre a necessidade de sagrado / metafísico / transcendência (riscar o que não interessa) que todos temos, nos fundos mais fundos dos nossos fundos.

não precisamos de saber se o filme é uma genial construção teórica - mero fruto, humano e artificial, do génio do seu criador. ou se é essencialmente um 'statement', expressão feliz de uma 'fé verdadeira' sentida pelo seu autor.

lembrei-me deste filme, a propósito desta espécie de blogue. tirando o génio - com grande pena minha, tenho que admitir -, tudo o resto se aplica. principalmente a parte do milagre. mas isto só compreende quem tiver visto o filme.

o filme é falado, mas na memória é como se fosse um filme mudo. afinal, às vezes, exactamente como na vida, basta uma palavra ('ordet', a abrir o filme, sinalizando o título). ou duas ('the end').