ainda e sempre o mesmo tipo, passa por um salão de cabeleireiro onde foi muito, durante muitos anos. bate à porta e dirige-se à senhora, perguntando pelo proprietário, com o intuito de o cumprimentar (este tipo não existe, quem é que ainda se dá ao trabalho, ou ao prazer, de ir a sítios apenas e só para cumprimentar pessoas que tudo o que sempre fizeram foi fazer o seu trabalho bem feito e com aquele suplemento de distinção que a humanidade e/ou a boa educação ainda vão dando?). que não estava, que havia, de um momento para o outro, decidido mudar de cidade, de país. de repente, a senhora, claramente bem informada, faz-nos um itinerário bem documentado pela vida daquele estabelecimento, desde os primeiros tempos (os dois rapazes; o que morreu (e esta evidência, como dizer, bateu-me fundo); depois, o outro que ficou sózinho; depois o trespasse; depois a longa permanência do sérgio; depois ela..). e, de repente, vemos passar à nossa frente a nossa própria vida, como se a pequena história daquele salão de cabelereiro contasse a nossa própria pequena história - espelho improvável, alimentando-se mutuamente dos despojos alheios.
o salão nunca mudou de nome, ao longo destes 15 anos. eu também não.
- shall we never sink alone -
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