- shall we never sink alone -

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terça-feira, 15 de setembro de 2009

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querida júlia,

quero-te dizer que o tempo passa, como se tu não o soubesses. preparo-me para a festa de 50 anos de uma querida familiar. há 10 anos atrás, por esta altura - lembro-me tão bem, que até dói -, ainda havia o rasto doloroso de alguém que me condenou ao deserto, durante 4 ou 5 penosos anos. havia ainda o rasto da expo 98, a lembrança daquela viagem que fizeramos, também no ano anterior, pela ásia. nunca sonhara voar paralelo aos himalaias, mas voei. decerto que te lembras, querida júlia, das minhas longas lengalengas sobre esse périplo improvável por outras geografias. hoje, preparo-me para a festa dos 50 anos, como, há 10 anos, me preparava para a festa dos 40 anos. nestes 10 anos, as coisas que vivi, Deus meu. as pessoas que partiram; os amigos que desapareceram; os amigos que chegaram. as vicissitudes improváveis de uma vida profissional intensa - este carrossel entre ser-se príncipe e cair-se nesta espécie de desgraça que é perder-se a graça. e os amores, os amores, os amores. os dedos de uma mão não chegam, os dedos de duas mãos talvez,  com jeitinho, cheguem para enumerar todas essas ilusões, desilusões, todos esses arrebatamentos, negação poética e brutal de todas as máquinas de calcular probabilidades. 10 anos passados, querida júlia, e que balanço é possível fazer? temo que, mesmo para ti, que sempre me tratas com tanto desvelo e ternura, seja difícil não fingir. quero dizer, desconfio que te ocorram aqueles versos do tio charlie, algures ali em baixo, que dizem qualquer coisa como:

visto daqui
não é bonito. 
foi a primeira vez
que me apercebi disso.

talvez te tenhas apercebido há muito tempo ou nem por isso. a expressão chave é, contudo, ineludível, incontornável, e, convenhamos, fica muito melhor em inglês, esse moderno esperanto universal

ten years later
seen right from here
i must confess:
it's not pretty.
not pretty at all.

querida júlia, perguntas-me qual é a moral da história? sei lá. imoral ou amoral, pick one. é que moral não tem, concerteza..

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