- shall we never sink alone -

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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

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as pessoas, às vezes, passam-se. passam-se para um qualquer outro lado, quero eu dizer. revelam insuspeitadas facetas, perdem as estribeiras, ganham coragem, arriscam o salto, experimentam, desatam a correr como loucas, enfiam-se em casa de roupão, compram um bilhete de avião para a ex-rodésia. as pessoas, às vezes, passam-se.
as bandas, como as pessoas, às vezes passam-se. gravam discos surpreendentes. como foi possível descer tão baixo, depois de coisas tão bonitas? como foi possível gravar aquela obra-prima, após anos e anos de cinzentismo banal? as bandas são pessoas. e, como as pessoas, às vezes passam-se.
tomemos os the decemberists, banda de portland, nos eua. já ouviram falar nos the decemberists? eu já, mas eu, para esta contabilidade particular, não conto. uma década depois de surgirem, na sequência de uns disquitos razoáveis, entraram em estúdio e registaram um disco magnífico, de sua graça 'the hazards of love'.
'the hazards of love' é indie-rock a brincar a space-opera-rock, com laivos progressivos aqui, para logo, num flic flac improvável, enveredar por um estilo mais clássico. é electricidade domada, à mistura com o som de pianos a emularem cravos renascentistas. é quase excessivo, um nadinha barroco, tem umas pitadas de kitsch.
é um disco, como antes se dizia, conceptual. 17 faixas que devem ser escutadas sem pausas. conta uma história, com reis e raínhas, sonhos e assombrações, o excesso do amor, as viravoltas e piruetas, sempre às portas da metafísica e da tragédia (duas portas que, não raro, se abrem para o amor ou, ainda menos raro, que o amor abre, de par em par, para infelicidade de muitas e muitos).
'the hazards of love' é um disco soberbo, fora de época, anacrónico talvez. conta uma história de que todos já ouvimos falar, com os habituais personagens que povoam as histórias de amor - fantasmas e verdugos, heróis e vilões, princípes e princesas.
a meio do disco, sensivelmente, há uma faixa que se chama 'the wanting comes in waves / repaid'. num disco que tem mais 16, bastaria esta para fazer deste disco algo que merece a nossa dedicada atenção.
depois de muito ranger de dentes, o disco termina assim
'(..) and softly he kissed her.'
i rest my case, my dear readers.

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