ao som desta música,
numas águas furtadas perdidas,
a cidade lá fora
e nós - poetas e poema in motion -
sendo felizes.
disse um poeta russo
que nada do que excluía a alegria lhe interessava.
dias houve, minha querida,
em que tudo o que te excluía me dizia nada de nada.
como disse um outro poeta, daqueles a sério,
um mundo que te inclui não pode ser um mau mundo.
mas, agora, que restamos só de memória,
isso vale um avo de mel coado - moeda fraca e dor,
sobeja-nos o mistério, e a feérie,
de um dia, num vão de escada, termos sido capazes
de reinventar (sujeito, complemento e predicado)
o raio do amor
esse estuporado estupor,
e tudo isso e o seu contrário..
- o que a vida tem de melhor.
e incluo aqui os beatles, kafka, ruy belo,
mais os cinco violinos do sporting,
toda a música de câmara,
e um dia perfeito, daqueles com calor.
nada, minha menina,
chega ao sabor da tua pele,
a essa ideia desvairada e luzidia
matar fome e sede e mágoa
com as migalhas do teu amor.