e é então que te lembras que esquadrinhaste um mapa novo da cidade que foi tua, dividida agora em quadrículas. por todo o lado, sinais de perigo, checkpoint charlies, muros de berlim. por toda a parte, bandeiras vermelhas, amarelas, num jogo cromático que te deixa de rastos.
e é então que por necessidades da tua vida civil - amor pelos outros, é sempre a razão -, te vês de súbito a entrar em terrenos movediços, esse hallowed ground que só tu sentes, que só tu vês. olhas as caras de quem passa, na sua vida, toda a gente parece planar a caminho de alguma coisa. tu, pelo contrário, sentes-te encardido, estranhamente sujo, detached desse mundo cruel que, em certos momentos, o mundo dos outros parece ser - pode ser.
lembras-te, então, dos versos, lá em baixo, do senhor joseph brodski e recitas para ti próprio, com os olhos rasos e baixos
'sim, querida. a vida sem nós é, afinal, possível.'
e isso é (como dizeres?) insuportável. e isso é (queres dizer? diz) imperdoável.