assassinados nos torrões de terra
congelados contra hastes de bandeira
empenados por fêmeas
educados na obscuridade para a obscuridade
vomitando em sanitas entupidas
em quartos alugados cheios de baratas e de ratos
não é de estranhar que cantemos tão raramente
de manhã ou ao meio-dia ou à noite
as guerras inúteis
os anos sem préstimo
os amores inúteis
e ainda nos perguntam:
porque bebeis
bem, suponho que os dias foram feitos
para serem desperdiçados
os anos e os amores foram feitos
para os desperdiçarmos.
não podemos chorar, e rir sempre ajuda -
é como deixar sair
sonhos, ideais,
venenos.
não nos peçam que cantemos,
para nós rir é cantar,
entendem, uma anedota terrível
Cristo deveria ter rido na cruz,
teria deixado petrificados os seus assassinos
agora há mais assassinos do que nunca
e eu escrevo estes poemas para eles.
charles bukowski
(tradução muito livre, a partir do original, do gi)