- shall we never sink alone -

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segunda-feira, 1 de março de 2010

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dizia-me ele que aquela era a sua oração preferida. e que se Ele o escutasse, saberia entender.
eu, que ando arredio das coisas do cosmos, encolhi os ombros e segui viagem. mas o meu walkman anacrónico ia ligado baixinho e obrigava-me a cantarolar: 
- one more chance, la la la.
ou então rezava. que sei eu das coisas.
lembrava-me, sem perceber bem, daquela planta alta e trigueira do inesquecível poema de ruy belo, que termina:
- e eu, que nunca mais soube de mim, sei que, desde esse dia, agosto é todo o ano para mim.
new order e ruy belo, em tangente com um walkman? 
- uma oração pagã é porventura menos oração? - perguntou-me um rapaz, pelo caminho.
- acho que não - disse cabisbaixo.
- exactamente. ora aí está, meu caro. já tem no que pensar - devolveu-me, enquanto sorria misteriosamente - ninguém lê j.d. salinger e regressa sem a urgência de o contar ao mundo - continuou.
- que o leu? - retorqui.
- o que leu - disse. - o que leu - reforçou.
- e que li eu? - arrisquei o golpe.
- isso, meu caro senhor, é coisa para perguntar ao espelho.
o walkman retomara o seu fio musical, new order às voltas com grant lee phillips ou ao contrário.
- que sei eu das coisas do mundo - atirei então, de mim para mim.
e foi assim.

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