- shall we never sink alone -

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domingo, 14 de março de 2010

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no canto do bolso o livrinho vermelho gritando por london
no bolso do canto o livrinho branco calando macau
e tu, águia real outrora, rondando a presa da circunstância,
estruturando o ângulo pelo qual alguma coisa mudará para sempre.
a música da multidão que é sábado ciranda em teu redor
sem te poder, contudo, ouvir - a paga que te dá, bem merecida, sentes.
does not suffice pode querer dizer tanta coisa, tanta coisa.
por exemplo: que desistes da presa de sábado à tarde, da ideia,
do conceito, equação esdrúxula, binómio aplicado ao que interessa.
jogas na antecipação, como essa gente que inunda o metro de londres
e as ruas da macau outrora um bocadinho também tuas. essa gente
que carrega aos ombros todos os corações de todos os sábados,
e lembrar o rui e o seu memento por diana - tão morta agora
quanto o nosso inferno amor. vícios de linguagem, pode-se aqui ver,
que a metafísica pura anda arredia há muito, sabemos tão bem.
does not suffice o frenesim agudo que te estremece, nem os olhos
da menina da caixa em registo mecânico de simpatia profissional.
e no entanto seus olhos são lindos e, como em london london, pensas
em quem acolherá o seu corpo decerto cálido, pujante e pungente,
como todos os corpos jovens que te passam rectas oblíquas (tangentes).
deixas em paz e sossego o que remédio não tem, abandonas a centelha
sentada num banco de jardim, à porta do centro comercial sem spleen
possível, materialismo e nada mais, para diletantes sem ocupação.
o teu coração - ou será outra coisa? - dispara em compasso estugado,
coisa diversa do movimento certeiro que outrora a águia que eras
lhe dedicaria com arte abstracta e ciência mais do que técnica.
agora, partes dentro de ti, segues. stop stop. macau e london,
lisboa é isso também, cidades dentro de uma cidade desmultiplicada.
um dia, quando estiveres dentro de mim, naquele momento estelar,
em que estarei dentro de ti, desferirás teu tiro febril e fatal,
pequena sereia da caixa de supermercado - antes que faças, portanto,
do cavalo de tróia uma estratégia infame e deja vu letal, arrumo-te eu
a um canto, no mesmo banco que ficou lá atrás, nas linhas que
falam desta lisboa, simulando londres, london, macau. pois é,
donzela, esta vida está, como dizer-te, esta vida está está está
mal - em português sem acordo ortográfico que a salve etc e tal.
estamos nós, as cidades e a semântica, a falta de ar e de quântica
- é como se
em vez de natal nos servissem um arremedo estúpido de carnaval.
e nós assobiamos. não achamos bem, convenhamos. mas também 
não achamos que esteja como está: m-a-l, soletrando portanto, 
dá qualquer coisa assim: estamos mal. mesmo mal.

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