penso, vezes sem conta,
como a tua ausência líquida,
pode ser assim aniquilada,
pela presença sólida, em mim,
dessa tua mesma ausência.
penso, e perco-me nas contas,
desalinho-me e avario,
como a eternidade equivale afinal
ao seu mais simétrico inverso:
nunca, nada, ninguém
(muito menos tu).
e eu, de mim próprio ausente,
corro a cantar-te vida fora,
como são tomé, agora a teus pés:
minha senhora e minha deusa.
é tarde, choves nos meus olhos.
felizes os que te souberam
antes da sua própria consciência.
(eu sei:)
rapaz de pouca fé.