- shall we never sink alone -

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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

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conduzes matinalmente, maquinalmente. lá fora, os cinzentos rebentam os céus de inverno. lá fora, tudo se move numa 'slow motion' arrasador, movimento quântico impossível de demonstrar pelas leis da física, como se um manto de silêncio e gravidade e doçura inexplicável caíssem verticalmente sobre o mundo. lá fora, as coordenadas já não obedecem nem aos homens, nem a Deus.


conduzes maquinalmente, matinalmente. cá dentro, o teu olhar percorre o teu próprio carro, detendo-se nos detalhes, plásticos, falsamente clássicos: a mistura de preto e metal, o cheiro controlado, tudo no seu sítio próprio. não podes deixar de pensar no contraste com o teu interior: sujo, desarrumado, descontrolado, visceralmente de pernas para o ar.


conduzes. conduzes. conduzes. um outro olhar estala e crepita. vês agora o vazio do lugar a teu lado, esse lugar do pendura. esse lugar dos mortos. como nos efeitos que conheces dos modernos vídeos em alta definição, há uma sequência de rostos e corpos que ocupam aquele lugar, à vez, numa sequência improvável, unificada por uma espécie de morphing fusional: fade in, fade out. fade in, fade out, e eis-las, elas ali estão, uma após outra, ocupando aquele lugar exacto, ocupando o seu lugar, para logo se desvanecerem e o deixarem vazio para a ocupante seguinte. sequência longa, cheia de esquinas, cheia de espuma, cheia de cheiros e cores de cabelo, contornos, tons de pele, segredos e palavras, sonhos a cheirar a enxofre, luzes psicadélicas e trevas.


por cima e por fora e por baixo e por dentro e além de tudo isto, o rádio do carro cospe-te a música e as palavras dos pulp. sim, concordas: this is hardcore. e repetes para ti mesmo, lábios dançando em silêncio, acompanhando o ritmo lento-mas-rápido da canção,


sim, this is hardcore..



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