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há muitos anos atrás, havia ainda pouco cinema independente em lisboa, fora do circuito gulbenkian / cinemateca / cineclubes ocasionais. houve, estaríamos em finais dos anos oitenta, uma pequenina mostra de cinema francês. os filmes chamavam-se:

je n'entend plus la guitarre

paris s'eveille
j'embrasse pas

nunca mais me esqueci. destes títulos, ditos assim - de um fôlego. e de como tudo pode, por vezes, ser espectacularmente bonito, mesmo que não compreendamos exactamente porquê. no fundo, como as pessoas que mais nos marcaram, saberemos minuciosamente explicar as razões para tal? o que fez a diferença? provavelmente, nunca saberemos. é isso importante, de uma maneira ou de outra? não creio.

j'embrasse pas, dizia-nos a sublime emanuelle béart, nesse filme.

vender o corpo. vender a alma. vender, tantas vezes, as nossas emoções, por um prato de lentilhas. mas recusar o beijo.

esse último reduto
do coração puro.