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está a chover em lisboa e eu lembro-me das viagens que fazias. dizias que ao ouvires este disco, era a minha voz que escutavas, nessas já antigas viagens desde o alentejo até esta capital de um extinto império. nesses diálogos musicados, parece-me que me amaste bem mais do que na realidade - o que só dá razão ao batalhão de filósofos e pensadores que tem tentado desconstruir este conceito tão fugidio: a realidade. anos depois, estas palavras lembram-me reinos distantes, um mergulho nos domínios da arqueologia sentimental. como se a.c. e d.c., repara bem na ironia, tivessem sido inventados também para ti, para mim, para esse nós que o tempo dissolveu.

um comboio parado, negando a própria essência, e o mundo lá fora a passar ao largo.

só o luto permanece. gato-pingado é vocação bem triste.