ser do sporting é pensar que se tem um pedigree qualquer, sabendo-se que se tem um pedigree qualquer, sabendo-se que esse pedigree qualquer não serve para nada.
ser do sporting é estar habituado às vitórias morais (perdemos, mas ao menos..); é tolerar as derrotas morais (ganhámos, mas devíamos ter perdido); é estar-se viciado num juízo moral que se sobrepôe à verdade crua dos factos (o que conta são os resultados. é isso que os almanaques daqui a muitos anos referirão.).
ser do sporting é ter a mania de que é possível ganhar a guerra, negando as suas próprias regras, reiventando o instinto bélico e reinterpretando-o como gesta heróica, plena de lirismo e polvilhada de poesia.
ser do sporting é lembrar tróia, atenas, esparta, todos os grandes impérios sumidos dos mapas, as civilizações antigas movidas a violinos. ser do sporting é ser anti-moderno.
ser do sporting é gostar da melancolia, integrar uma espécie de menorização auto-imposta com placidez e ter um orgulho irracional nessa diferença que só limita.
ser do sporting é abominar a velocidade frenética, o imediatismo populista, a pirotecnia popularucha, as teorias sobre a eficiência e a praxis que conduz, num contexto muito específico e ao mesmo tempo muito generalista, ao primado da eficácia.
ser do sporting é cultivar análises virtuosas, desenvolver cenários ultra-complexos, aplicar princípios de filosofia existencial ao governo das sociedades desportivas.
ser do sporting é uma dor de alma, um reino de sonhos adiados, um culto insano e inconsequente.
eu sou do sporting. ou melhor, eu sou o sporting. e o sporting sou eu.