- shall we never sink alone -

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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

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no topo de um edifício, um gabinete clássico. madeiras e lombadas do diário da república. uma vista não desagradável para a urbanidade possível. muito decente. quase agradável.

conversa profissional entre duas pessoas - chefe e subordinado. balanço de actividades, oscilando entre o carácter algo pesado de alguns temas e o tom distendido, informal, coloquial da conversa.

de súbito, abre-se uma porta. a-terceira-pessoa-a-seguir-a-Deus, cheia de si e da sua soberba, numa rajada única, faz duas ou três perguntas e, sem deixar tempo a que as respostas ganhem qualquer tipo de densidade, logo saca do lança-chamas, destruindo, num só golpe, respostas, argumentos lógicos e, en passant, a suposta (in)capacidade intelectual dos dois personagens apresentados no primeiro parágrafo.

de súbito, inflexão no assunto, mas não no tom. dispara algo como:

- você agora usa barba? por acaso, não lhe fica mal. tem é que cortar esse cabelo. parece Jesus Cristo. só lhe falta ser crucificado.. (risos)

e o sujeito, objecto do comentário, como aqueles jogadores que sabem ter perdido tudo e apenas tentam fixar para a posteridade a que ninguém ligará peva excepto, talvez, a sua própria memória, uma espécie de dignidade, e sem deixar cair os diversos elementos daquele micro-sistema de comunicação (melhor assim, com um olhar frio e científico..), responde, na passada:

- ..outra vez, sr. dr.? outra vez?

silêncio. cai o pano.

o que é mais terrível? esta história ser rigorosamente verdadeira? ou o facto de que ele não estava a brincar, ao responder assim - antes optando pela mais rigorosa exactidão semântica?

o mais terrível, amigas e amigos, é que ele era afinal eu. mas isso já todos sabíamos, desde o princípio. não vale desconversar.

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