- shall we never sink alone -

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segunda-feira, 14 de setembro de 2009

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querida júlia,

tanto que havia para te dizer. há sempre tanto para te dizer, quando penso bem.. repara, querida júlia, nos excertos abaixo. j.d. salinger, é dele que falamos, escritor há muito desaparecido das circunstâncias mais civis, deixou-nos mais do que uma obra prima. talvez 'the catcher in the rye' seja a mais incensada, a mais paradigmática, aquela que, à sua maneira, mudou a literatura moderna. aquela cabeça adolescente a pensar, a sentir, a viver, a duvidar, a respirar, a existir. aquela noção de proximidade, como se estivéssemos a olhar para o rapazinho, holden caufield - melhor, como se fôssemos nós aqueloutro. psicologismo, subjectivismo, tudo isso. ou então substituamos por qualquer coisa que inclua a palavra magistral. porque é disso que falamos. relemos os excertos e não sabemos que mais admirar: se a concisão 'sharp'; se aqueles 'uppercut straight to our mind'; se a 'poesia directa' de tudo aquilo. é tudo incisivo, fulminante, estúpidamente simples, impossivelmente próximo. o pulsar do mundo moderno, a angústia suave dos dias que correm para lado nenhum, o mundo inteiro que nos estala na cabeça, que nos rebenta (n)o coração. sem compaixão, rodriguinhos, figuras de estilo excessivas. as palavras certas serão sempre as palavras certeiras, não é, querida júlia? e, enquanto pelo canto do olho, espreitamos mais uma série na televisão, mimetizando a vida de um hospital de proximidade norte-americano, ocorre-nos dizer-te que há mais vida numa só linha de 'the catcher in the rye' que em horas de produção televisiva contemporânea. quer dizer, serve para entreter, e até nos comove, às vezes. como o pão nos sacia a fome que se arrasta, não é, querida júlia? pois é, mas nós queremos pão, amor e tudo o mais. queremos poesia. como cantavam os titãs, esses rapazes brasileiros que parecem já de outro século:

a vida não é só comida - a gente quer comida, a gente quer vida, a gente quer fazer amor.

boa noite, querida júlia. desculpa a lágrima.

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