- shall we never sink alone -

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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

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para um rapazinho sedento de mundo, as páginas do jornal expresso (tal como dos jornais sete e blitz), na década de oitenta, proporcionavam o mergulho possível nas coisas das artes, tanto em termos de vanguarda (o país era outro, a palavra deve ser aqui usada com elevada parcimónia) como em termos de um certo classicismo interdisciplinar. no fundo, era como um curso muitíssimo prolongado que me mostrava como era o mundo - e outros mundos -, pelos olhos dos autores e dos críticos / jornalistas. esses foram anos importantes para a minha formação e daí advém também um certo gosto enciclopédico que ainda hoje mantenho. não que saiba muito, sobre muitas coisas. mas interesso-me deveras por quase tudo. este longo preâmbulo, conduz-nos a neil young, que me foi apresentado, como tantas outras figuras ímpares da música e membros de pleníssimo direito da minha galeria de afectos, pelo joão lisboa, histórico crítico musical (vertente pop rock e alternativa, em traços muito largos) do expresso. ora, entre muitos outros textos, nunca me esqueci da sua tocante descrição do senhor young em concerto, provavelmente a propósito de mais um disco seu. dizia-nos, nesse artigo, o amigo joão que havia assistido, ao vivo, a dois concertos, em dias consecutivos, do senhor neil. com base no mesmo repertório, um deles havia sido uma manifestação de energia solar e sonora, movida a riffs inultrapassáveis de guitarra, de um absoluto virtuosismo rock and roll. um dia depois, o mesmo homem, no mesmo palco e com as mesmas canções, arrancava para um espectáculo de uma tristeza e melancolia imensas, como um lobo ferido de morte, fechado no seu covil. as metáforas e demais figuras de estilo seriam provavelmente bem melhores no texto a que nos referimos, mas fica a ideia: a mesma matéria prima; o mesmo homem; e dois resultados diametralmente diferentes. joão lisboa ficou, dizia-nos ainda, verdadeiramente impressionado. como era possível? o que explicaria tal mudança? e um longo etecetera feito de perguntas e outros tantos superlativos fundados em admiração pura.

quando me perguntam 'quem és tu?', penso em responder, por vezes, que 'sou muitos, provavelmente. mas, pelo menos, pelo menos, sou dois que conheço bem'. por vezes, um eufórico e solar mister young; às vezes, um derrotado e lunar mister neil. sem o génio, claro está. mas com o resto..


don't let it bring you down, it's only castles burning

(or better said: don't let life bring you down, johnny - it's only rock and roll)

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