AVENIDA DA LIBERDADE
subamos e desçamos a avenida,
enquanto esperamos por uma outra
(ou pela outra) vida.
alexandre o'neill
alexandre o'neill
às 10h10 desta manhã, na quase exacta cota geodésica, voltei a olhar nos olhos esse improvável sítio desta cidade onde fui improvavelmente feliz.
entre mim e a minha memória, entre este que sou aqui e o aquele que fui, uma instransponível avenida, com o seu ruído urbano, gente a caminho, rituais automobilísticos. entre mim e ti, uma ténue corda, dissolvida há muito, risco total unindo pontas desavindas - um trajecto impossível, uma ignomínia devastadora.
às 10h10 desta manhã, olhei-te nos olhos. e não gostei do que vi de ti em mim, nem daquilo que de mim vi em ti.
nunca uma avenida foi tão mal crismada: liberdade? pequenos deuses zombando de um pequeno homem - isso sim.
nada de nada, poeira cósmica. e contudo.. tudo de tudo, especiosa especiaria. e eu, bem lá dentro, a sonhar(((-me)-te)-nos).