tu que olhas para mim,
eu que olho para ti,
eu que olho para ti,
o instante em que nos cruzamos,
contra as leis do tempo e da probabilidade,
contra as leis do tempo e da probabilidade,
este rectângulo digital,
o oráculo que resta em tempo de deuses descendentes.
um imenso adeus, uma e outra e outra e uma vez.
e, contudo,
esse olhar teu em mim
e este olhar meu em ti,
faísca frenética,
metafísica amorosa ao final da tarde que finda,
um amor fundo que se afunda
e uma constelação que se apaga.
nenhuma beleza se mede
por possibilidades ou lucros imediatos
- antes pela louca certeza
de que somos absolutamente possíveis,
como este nosso amor
entre quem morreu há décadas, tu,
e quem vive quase morto, este metafórico e sulfúrico eu,
que ainda sou.