- shall we never sink alone -

não estamos no facebook. nem no linkedin. nem no hi5. nem no twitter. nem no messenger. nem no livelink. estamos aqui e ali ao lado, naquela banquinha a que um dia chamaram vida. mas temos e.mail: theheartcompanion@hotmail.com somos moderadamente modernos.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

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e assim vai o bom povo ocidental, parafraseando livremente o mestre brasileiro. nas revistinhas de coração, casa-se e descasa-se com uma naturalidade que só pode ser pós-pós-moderna (portanto, moderna, outra vez). os amigos casados encontram-se já naquela curva da estrada em que: ou cobiçam enfim a mulher (e a vida) alheia (os tardo-adolescentes); ou são os mais devotos tradicionalistas, que não ousam mexer na sua não-felicidade, sempre rezando o evangelho do mais vale um mal conhecido e controlado do que o risco (os tardo-cobardes); ou são apenas miseravelmente infelizes com todas as letras correctamente soletradas (os tardo-existencialistas); ou não sabem, simplesmente não sabem, para que lado hão-de cair (nem coragem temos para os crismar). perguntas-me: e felizes, normais, etc e tal, conheces decerto alguns? sim, conheço. mas não sei, juro que não sei, em que ponto da tão desolada escala acabada de inventar encaixam. temo que, nem carne nem peixe nem soja, estejam num dos extremos. mas não no extremo certo. talvez conheça as pessoas erradas. talvez seja apenas eu próprio um 'anarco-cinicalista', com desdém pela normalidade ululante das coisas que têm que ser, um idiota de um ressabiado que inventa descrições catastróficas para o que não tem, para o que não é, numa patética tentativa de não se achar no pior lugar. talvez. mas, sabes que mais?, não acho que seja isso. acho que a lucidez anda sempre de mão dada com o pessimismo. e que não escolhemos grande parte das capacidades que temos, desde o berço. eu, por exemplo, vejo bem, apesar de ter uma visão algo perturbada por factores biológicos. de igual modo, acho que apreendo as coisas do mundo com alguma lucidez e espírito esclarecido, apesar de uma certa perturbação emocional. num caso como noutro, não há o dom da clarividência, mas, infelizmente para mim e para o mundo, há um dom aproximativo. as coisas são o que são. e, para mal dos nossos pecados, as coisas são aproximadamente assim - feias, tristes, sem moral, chãs, rasteiras.


como o título do mais recente opus da dulce maria cardoso: pisamos todos, vivemos todos, rente ao 'chão de pardais'. mas pensamos ser águias, imperiais, feitas para rasgar os céus. o choque quando chega torna-se uma vertigem epistemológica: tudo é posto em causa, questionamos origem, estado e destino. a aniquilação começa assim. ou a auto-piedade. o que vai dar ao mesmo.


resta a fé. quem a tem que a guarde com desvelo.


resta o amor. quem o tem que o cultive com primor.


resta a arte. embriagai-vos.

(rai's parta.)

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